Relações profissionais além da família e dos negócios

Kari Silveira
2 min readSep 9

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A recente repercussão do caso da atriz Larissa Manoela revelou lições importantes sobre relações familiares nos negócios. Essa situação me fez lembrar dessa famosa frase: “Aqui na empresa somos uma família.”

Uma curiosidade é que na Impulso, tornou-se muito frequente a presença de familiares e amigos nos nossos processos seletivos. Essa situação nem sempre foi fácil, e eu pude sentir isso na pele. Sou sócia e esposa do Mira, co-fundador da empresa, enfrentamos desafios inesperados, mas nossa experiência nos amadureceu e ensinou muito.

E ver pessoas trazendo suas pessoas queridas para a equipe é, para nós, um elogio à cultura, ambiente de trabalho e liderança da empresa, um sinal de que estamos no caminho certo. Mas há um fator crucial que consideramos: não somos realmente uma família.

Embora haja paralelos entre o mundo empresarial e o familiar, as diferenças podem gerar conflitos quando não reconhecidas:

- Não escolhemos nossas famílias, mas escolhemos as empresas onde queremos trabalhar e as empresas escolhem quem nelas trabalha ou não;
- Por mais humanizada que a empresa seja e considere suas pessoas como pilares, ela tem que dar resultado;
- Nunca deixaremos de fazer parte da nossa família, mas podemos ser demitidos ou nos demitir de uma empresa;
- Quando perdemos alguém da família, precisamos de um período de luto.
- Na empresa, as pessoas que saem não são perdidas, elas podem continuar fazendo parte das nossas vidas.
- Numa empresa, mudamos de área, mudamos de nível hierárquico;
- Flexibilidade e mobilidade são inerentes ao mundo corporativo, ao contrário do ambiente familiar, onde os papéis muitas vezes são estáticos e as mudanças são mais raras.
- No ambiente empresarial, existem sempre os desafios de passagem de bastão, sucessão.
- Empresas precisam de feedbacks imediatos, concretos, diretos, por mais humanizados que sejam.

A questão é que podemos nutrir um ambiente de trabalho saudável, entre pessoas com ou sem vínculos afetivos e sanguíneos, sem que isso faça da empresa “uma família”, porque a chave não está em “ser uma família” e sim em práticas como igualdade, transparência, gestão de expectativas, processos justos, comunicação aberta e feedbacks consistentes.

O exemplo de Larissa Manoela nos lembra que uma administração inadequada dos negócios e das relações entre familiares pode gerar desalinhamentos prejudiciais.

A lição aqui é clara: a criação de uma sociedade e relação profissional saudável exige um planejamento estratégico bem definido.

Contudo, é possível promover uma cultura de respeito, amor e mútua colaboração, que transcenda as barreiras das analogias familiares, mesmo havendo pessoas com vínculos familiares trabalhando juntas, liderando ou sendo lideradas umas pelas outras e impulsionar o sucesso organizacional.

Juntos, podemos transformar relações profissionais em conexões duradouras e positivas. Concorda?

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Kari Silveira

Co-fundadora e COO da Impulso. Sou uma “pessoa de pessoas” que adora resolver problemas, pensar soluções, desenhar processos e integrar times.